terça-feira, 17 de julho de 2007

PND - Monteiro põe tudo em causa no PND


Manuel Monteiro admite deixar a presidência do Partido da Nova Democracia e acredita até que o PND poderia ter alcançado um outro resultado nas eleições de domingo se o líder não fosse ele. "As pessoas consideram-me um político do passado. Foi isso que eu retive da campanha. Senti que as pessoas querem caras novas e por isso a alternativa é renovar os rostos daqueles que estão à frente de projectos políticos", declarou ontem ao PÚBLICO.
Com a devida vénia ao Público

"Temos de ter a coragem de perceber que estamos gastos, e de ter a clarividência de reflectir sobre se faz sentido continuarmos na primeira linha do debate de intervenção política. O país está cansado de Marcelos Rebelos de Sousa, de Paulos Portas, de Monteiros e de Marques Mendes e nós não temos consciência disso, em vez de andarmos entretidos com as nossas palmas e com as notícias que saem nos jornais", ajuizou o líder do PND.

Anunciando que convocou para sábado um conselho geral onde pretende confrontar o partido com a intenção de deixar a presidência - "o meu serviço ao país, aos ideais do partido e ao projecto do PND não está dependente de eu ser o número um" -, Manuel Monteiro confessou que esperava um outro resultado nas eleições para a Câmara de Lisboa. Ao mesmo tempo, lamenta não ter conseguido "aproveitar a divisão que existiu no PSD nas eleições intercalares de Lisboa" e não encontra explicação para o facto de não ter conseguido capitalizar para o seu projecto político "o mau momento do CDS".

Na sua opinião, "a derrota dos partidos da direita", onde incluiu também o PSD e o CDS, "deve ser interpretada como preço que a direita em geral está a pagar por causa do mau Governo de Durão Barroso/Paulo Portas, cujo primeiro-ministro se foi embora fugindo às suas responsabilidades".
Feita a análise, o líder do PND pondera então deixar a presidência do partido que fundou depois de ter abandonado a liderança do PP e lança o repto a Marques Mendes e a Paulo Portas: "A direita portuguesa precisa de fazer uma catarse séria e deixar-se de lógicas de aquartelamento de pequenos feudos em que se entrincheirou". Observando que os eleitores não-socialistas estão a mostrar cartões vermelhos sucessivos aos políticos que tiveram responsabilidades e que fugiram - onde ele próprio se incluiu, por ter deixado o CDS - Monteiro vaticina desde já uma "hecatombe para a direita" nos vários combates eleitorais de 2009. "Não fazer uma reflexão sobre o que aconteceu no domingo é meter a cabeça na areia como a avestruz", avisa Monteiro, salientando que, no seu caso, a reflexão começa já no sábado.
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2007-07-17 09:35:27